03 dezembro 2010

CUIDEMOS DO QUE É NOSSO. ANTES QUE SEJA TARDE.







CHAFARIZ DOS CANOS – PRIORIDADE ABSOLUTA
SESSÃO PÚBLICA HOJE – 3 DE DEZEMBRO, 21 h –
NO AUDITÓRIO MUNICIPAL DA AV. 5 DE OUTUBRO.
A Associação do Património tem insistido vezes sem conta na necessidade de restaurar este Monumento Nacional e de requalificar o espaço envolvente. É intolerável o estado de abandono e desleixo em que se encontra e disso nos dão conta muitas pessoas que connosco se cruzam. É certo que existem projectos na Câmara mas não têm passado disso mesmo.

Repare-se: em Agosto de 2009 o grande destaque no BADALADAS era o anúncio do Presidente da Câmara de que as obras no Chafariz iriam ter início em Outubro desse ano e tal era apresentado como resposta aos alertas da Associação do Património. Não passou da intenção.

Em Abril de 2010, também com destaque de 1ª página neste jornal, o Presidente Carlos Miguel apresentava justificações para o atraso no arranque das obras e tranquilizava a repórter do jornal que se afoitou em assegurar: “o prazo de execução da obra será de três meses e deverá estar concluída até ao final do ano”.
O ano está a chegar ao fim e aquele nobre Monumento continua em apagada e vil tristeza. Até quando?

Não sabemos se a crise e as reduções de dotação financeira do Estado vão constituir desculpa para mais um atraso. O que não podemos é contemporizar com alterações de prioridades que venham a deitar para data incerta o início urgente das obras.

É oportuno recordar excertos do que propusemos no nosso Parecer sobre a Revisão do Plano do Centro Histórico, emitido em Outubro de 2006:

«Discordando do que é afirmado na página ---- onde se diz não possuir o centro histórico de Torres Vedras um monumento significativo - queremos lembrar que o Chafariz dos Canos é uma construção quase única no seu género, no país (pelo menos) e por isso merecedor de todos os cuidados e de toda a valorização que lhe possamos dedicar. Infelizmente a história recente do nosso desprezo por esta jóia patrimonial é sobejamente conhecida e não vamos aqui recordá-la. Impõe-se, no entanto, que não desperdicemos a oportunidade da revisão do plano para propor algumas medidas de salvaguarda e valorização que o monumento e o espaço que o envolve tanto reclamam. Assim, propomos um conjunto de acções de valorização.
·        Proceder a um estudo aprofundado do seu estado de conservação, tendo em conta, designadamente, a erosão de alguns trechos escultóricos (capitéis, arquivoltas, etc), a sua estrutura construtiva (exame de comportamento das juntas) da sua cobertura, etc.,
·        Proceder a diligências que permitam averiguar com a EDP da possibilidade de retirar o posto de transformação ainda instalado na parte traseira do edifício, designadamente para estudo arqueológico das suas fundações e canalização primitiva.
·        Averiguar das possibilidades de resolver - com uma solução digna – a questão do abastecimento de água corrente, sem o qual o monumento perde a sua função e o seu simbolismo. Proceder à instalação de uma adequada iluminação monumental que o possa valorizar de noit
·         Renovação do Largo Infante D. Henrique: a reposição do antigo tanque - bebedouro fronteiro ao Chafariz, retirado nos anos trinta, afigura-se hoje difícil, por falta de elementos iconográficos qualificados. Nos anos sessenta foi construído um espaço “ajardinado”, com canteiros que, em parte, impedem a visão integral do pavilhão gótico. Cremos ser a hora de libertar o pequeno espaço do largo de tal decoração, intervindo apenas a nível do pavimento. Para tal propomos que seja retirado os canteiros e se abra um pequeno espelho de água, com localização e planta semelhante ao tanque, de baixa profundidade, a fim de sublinhar o elemento água e de referenciar a peça que ali existiu. O efeito plástico desta instalação valorizaria em muito o monumento – sobretudo conjugado com a iluminação - sem contudo interferir com a sua imagem. Integrar neste arranjo as duas peças escultóricas decorativas (golfinhos) que pertenceram ao tanque se encontram actualmente no relvado fronteiro à capela de S. João.»
Por último recordamos as palavras que escrevemos num folheto de anúncio da Sessão de hoje – para a qual convidamos todos os que se preocupam com o nosso Património:
Chafariz dos Canos: memória de pedra. Está ali há mais de 600 anos. Vinte gerações de torrienses beberam dele. Peça arquitectónica única no país. Chegou até nós porque cuidaram dele. E a nossa geração? Diz-se que há projectos. Mas continuamos a vê-lo desfazer-se aos poucos. Cuidemos do que é nosso. Antes que seja tarde.


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