23 julho 2011

O QUE RESTA DA VELHA MURALHA





 
Há meia dúzia de anos, na abertura dos alicerces para um prédio, foi posto a descoberto um troço da muralha de Torres Vedras. Era uma obra na rua Cândido dos Reis ( antiga "Rua da Corredoura"), mesmo em frente ao Chafariz dos Canos. Entendeu a autarquia, e muito bem, que aquele vestígio devia de ser preservado, e o construtor respeitou a decisão. O prédio, com três pisos superiores, foi construído e  habitado. Mas a loja ali ficou, fechada, guardada por paredes de vidro que se foram tornando opacas de sujidade, já mal se lobrigando as pedras da muralha. Tem tardado uma iniciativa que valorize aquele espaço e lhe dê utilidade cultural.

Inconformada, a Associação do Património de Torres Vedras tem vindo a trabalhar na procura de uma solução. Ela parece ter surgido agora. Um encontro com o Presidente da Junta de S. Pedro e Santiago abriu caminho a uma proposta nossa , em forma de Memorando e de um simples esboço em desenho, que lhe foi entregue há dois dias e que teve o melhor acolhimento. Entretanto a Junta fez as necessárias obras de limpeza e pintura do espaço.

Aqui os deixamos à disposição dos amigos do Património de Torres Vedras:

Esboço para o Centro Interpretativo da Corredoura

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MEMORANDO

IDEIAS PARA UM CENTRO INTERPRETATIVO DA CORREDOURA (CIC)


1.      O Chafariz dos Canos (CC), monumento nacional do séc. XIV, único no género em todo o País, não pode ser visto como peça isolada. Tendo sobrevivido à inevitável evolução de tantos séculos, não podemos esquecer que ele fazia parte de um conjunto cujos traços hipotéticos podemos reconstituir para melhor entender a sua importância e funcionalidade. Os estudos sobre a época medieval permitem-nos ter uma ideia aproximada e fundamentada de como se articulavam os espaços públicos urbanos na Baixa Idade Média em Torres Vedras.

2.      O CC situava-se junto à entrada da mais movimentada porta da vila – na Corredoura – e é de crer que perto dele se encontravam as lojas ou tendas dos ferradores, dos albardeiros, dos correeiros, dos estalajadeiros…

3.      A pequena praça fronteira seria um lugar de bulício e movimento, onde se cruzavam  almocreves, aguadeiros, tendeiros, regatães, carregadores, clérigos, mendigos…

4.      Torres Vedras tem a sorte de possuir este raro monumento. Mas não basta mostrá-lo na sua imobilidade histórica, como que mumificado pela usura do tempo.

5.      É de toda a utilidade e pertinência a criação de um CENTRO INTERPRETATIVO (CI) deste espaço, que permita às novas gerações imaginar como seria a vida na época em que o CC foi construído.

6.      A loja fronteira ao CC, onde se pode observar um pequeno troço da muralha medieval de TV, parece-nos o local mais apropriado para a criação do Centro Interpretativo da Corredoura. Para isso a autarquia local deverá assegurar a plena posse desse espaço.

7.      O esboço que apresentamos dá uma ideia de como ele se pode organizar. Terá como peças fundamentais um conjunto de painéis informativos e uma maqueta, colocados num piso intermédio – a construir – que funciona também como varandim sobre a muralha.

8.      Nesse piso intermédio, a seguir à porta de entrada, poderá ficar um pequeno balcão e algumas prateleiras, que funcionarão como local de recepção e venda de objectos relacionados com o lugar (postais, miniaturas, folhetos, brochuras, recordações…).

9.      A presença humana regular poderá ser assegurada no âmbito do Projecto ISA da Câmara Municipal de Torres Vedras (http://www.cm-tvedras.pt/viver/assuntos-sociais/idosos/isa/)

10.   A Associação para a Defesa e Divulgação do Património Cultural de Torres Vedras disponibiliza-se para assegurar os conteúdos históricos do CIC, bem como para ministrar Formação e dar apoio ao seu funcionamento.

11.   Sugerimos como tempo de execução o resto deste ano 2011 e o ano 2012 até ao dia da cidade, 11 de Novembro, data em que se faria a inauguração.

Apresentado à Junta de Freguesia de S. Pedro e Santiago em

TORRES VEDRAS, 20 JUL 2011

A DIRECÇÃO DA ADDPCTV

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