11 setembro 2012

PATRIMÓNIOS no jornal BADALADAS

Em 27 de Abril de 2012


QUE FUTURO PARA O CENTRO HISTÓRICO ( I Parte )
HUGO PEDRO
( Estudante mestrado em arquitectura )
                                                          

Caro leitor, escrevo este primeiro texto como morador / utilizador comum do Centro Histórico de Torres Vedras e com a preocupação de qual o seu futuro nas próximas décadas. Será que podemos imaginar um futuro risonho? Claro que sim, cabendo-nos a nós, torrienses, a tarefa de tornar auspicioso o futuro e em cada dia usufruir do espaço herdado dos nossos antepassados, renovando ideias, vivências e sentimentos.
Depois de 26 anos a residir no Centro Histórico, ao mudar de residência tentei manter-me ligado a esta zona pois considero um sítio de grande inspiração para jovens casais. Porém, tal veio a tornar-se inviável pelas condições pouco adequadas que o imóvel alugado apresentava, tendo ainda como agravante o elevado valor mensal da renda. Assim perdi a possibilidade de continuar a desfrutar da vista solarenga do largo Coronel Morais Sarmento sobre a cidade.
Não só a degradação de um grande número de edifícios me inquieta, mas também o envelhecimento da população residente. Tenho verificado uma forte quebra na renovação de gerações no espaço do Centro Histórico, sendo muitos os que tenho visto desaparecer. Assim, ao herdarem dos seus antepassados o sítio – criando ideias, vivências e sentimentos – partem, deixando a imagem de um Centro Histórico cheio de potencialidades a ser redescoberto por novos indivíduos. São poucos a ousarem residir neste local pois, tal como tenho vindo a observar, as condições que encontramos não se adequam às novas exigências, isto na maioria dos casos, subsistindo a necessidade de procura de melhores condições habitacionais.
 Preferi manter a minha residência no centro da cidade, ao invés da periferia onde se situam urbanizações que um grande número de indivíduos elege para viver, porque por norma, sendo apartamentos recentes, têm rendas mais económicas e a sua localização facilita o estacionamento e o acesso a auto estradas e a centros comerciais. Apesar de criar uma enorme dependência de veículos motorizados para qualquer deslocação.
Atrair pessoas – através da requalificação dos edifícios e da melhoria das condições de habitabilidade – pode ser um passo importante para que a periferia deixe de ser a solução e volte a existir a preferência pelo Centro Histórico. Mas para tal temos de passar da teoria à prática. Será possível investir na reabilitação destes imóveis e obter a melhor solução possível? Existem exemplos de sucesso aplicados em outras cidades portuguesas ou estrangeiras? A que escala deve ser pensado o nosso Centro Histórico? No próximo texto argumentarei até que escala devemos pensar nos residentes, nos comerciantes, nos utentes e sobretudo nos imóveis do Centro Histórico de Torres Vedras. 

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